Deduções pelos dizeres freudianos levam a crer que a
introversão da libido sexual, direcionada ao Eu, é uma via cujo fim traz a
perda da realidade. Ao contrário, quando o investimento no objeto é máximo,
caracterizando o estado de enamoramento, tem-se o fim do mundo dos paranoicos.
Mas o toque da realidade ameaça um grande sonho: imortalidade.
Convergindo uma instância – a consciência moral tutora do
ideal (o almejado Eu), que brinca com os mais delirantes na terceira pessoa – para
a auto-observação, temos material psíquico suficiente para a construção dos
sistemas filosóficos mais espetaculares.
Mas, no jogo que virou a filosofia, pensar filosoficamente é
dissolver-se na linguagem. Ainda é possível sistematizar, quiçá domesticá-la?
Gödel demonstrou (!) que não dá para construir um sistema matemático completo e
consistente. É preciso escolher: ou um, ou outro. Pobre vontade, revelação
absoluta é querer demais. Moral da história: um grande golpe na vaidade.
Pode consolar-se, no entanto, com uma humilde
certeza: a realidade é provisória.
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